segunda-feira, 17 de agosto de 2009

NOVO RELATÓRIO DA PF COMPLICA AINDA MAIS SARNEY

Por Soraya Garcia

Fonte de dados Folha de São Paulo e G1

O relatório da Polícia Federal sobre a Operação Boi Barrica, que investiga os negócios de Fernando Sarney, revela, conforme o jornal “Folha de S. Paulo” desta segunda-feira (17/08), suposto vazamento de informações que beneficiam o filho de José Sarney (PMDB-AP), presidente do Senado.
Segundo a reportagem, um telefonema de Sarney ao filho, o empresário Fernando Sarney foi o primeiro de dez ligações gravadas pela PF, onde deixa "claro" que Fernando teria sido avisado era alvo de ação do órgão.

De acordo com a reportagem da Folha de São Paulo, há no relatório da Polícia Federal as transcrições dessas conversas e na avaliação do órgão, a sequência de conversas revela "fatos graves", que comprovam "vazamento de informação".

Sarney declarou ao jornal, via assessoria, que "não reconhece a credibilidade no dito relatório da Polícia Federal", e o seu filho e alvo da investigação, Fernando Sarney afirma que não pode falar sobre o caso, pois o inquérito está correndo sobre segredo de Justiça.

Segundo informa a assessoria de Sarney, a falta credibilidade ao relatório se dá, porque um "grampo [feito pela Polícia Federal] foi adulterado por montagem, de acordo com laudo pericial, assinado pelo [perito] Ricardo Molina".
O telefonema de Sarney para o filho teria ocorrido em 28 de agosto de 2008. Um dia antes, o Ministério Público Federal no Maranhão haver emitido parecer favorável à prisão de seu filho e a buscas e apreensões em diversos endereços, incluindo alguns do próprio empresário, diz o jornal.

De acordo com a PF, as transcrições mostram que Fernando, sabendo o que ocorreria, tratou de avisar os outros investigados que todos estavam grampeados.

As ações seriam um desdobramento da Operação Boi Barrica (rebatizada de Faktor), que já levou ao indiciamento de Fernando sob suspeita de formação de quadrilha, falsidade ideológica, gestão de instituição financeira irregular e lavagem de dinheiro. Mas, no início de setembro do ano passado, o então juiz da 1ª Vara Federal de São Luís (MA) Neian Milhomem Cruz negou a maior parte desses pedidos.

No relatório obtido pelo jornal, a PF diz ao juiz que não adiantaria fazer as buscas deferidas pelo magistrado, porque os locais "já foram devidamente "limpos'".

OS GRAMPOS

Na ligação de 28 de agosto de 2008, segundo a PF, Sarney pede a Fernando que ele vá à Brasília, de onde o empresário havia saído no dia anterior. "Eu acho que você podia vir o mais rápido aqui", diz Sarney. Após o filho falar que ia "tentar viabilizar" sua volta, Sarney insiste: "Não, venha hoje, tá?".
Ainda segundo o jornal, cerca de uma hora depois do telefone do pai a Fernando, o empresário recebeu a ligação de um dos seus advogados, a conversa possuía o mesmo teor: - ele precisava falar com Fernando "urgente" naquele mesmo dia, em Brasília, pessoalmente. A PF informa que ele chegou à cidade naquela noite.

Ema 4 de setembro de 2008, Fernando diz para Gianfranco Vitorio Perasso, outro investigado, não fazer "alarde". "E sem apavoramento também, tá?", diz. Perasso é dono de empreiteiras que, de acordo com a PF, foram usadas para desviar dinheiro de obras públicas.

Minutos após, Perasso liga para um assessor do ex-ministro de Minas e Energia Silas Rondeau. Segundo a PF, o ministro participava da rede de tráfico de influência. Ele nega.

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