sábado, 19 de junho de 2010

DO ZÉ DO POVO PARA O INDECISO SENADOR OSMAR DIAS


Zé do povo
 
Sábado, 19 de Junho de 2010 – 8:50 hs
Ode do Osmar
Não posso mais suportar…
Olho ao redor e tudo que vejo em mim é uma pedra sem rumo a rolar
Por despeito me tornei a dor personificada a enganar
Não posso mais sonhar…
Minha caixa de sonhos foi jogada ao mar
Tudo que sinto é o vazio, um frio a alma permear
Porque hoje, você me fez acordar?
Me dizendo que a hora das definições estão a chegar?
Me falta o rumo, me falta vontade
Não sei quem sou eu neste instante
E nem sei quem quero ser na verdade
Deito governador pujante e acordo senador delirante.
Tudo que eu conhecia, tudo o que eu sabia era utopia
Tudo que achei que era meu, hoje não sei se é
Não tenho mais e o sonho virou vigilia
E o cavaleiro andante, sem rumo, sem sonho, se tornou um mané.
Minha vida se perdeu, meu mundo desapareceu
Quando você me disse que seu espaço não era meu.
Assim não sei se vou, não sei se fico
Com o PT meu projeto, que era o de casamento, se tornou um namorico.
Em meu sonho, que se tornou de Prometeu,
O que PT afirmou, mas não se cumpriu e derreteu,
Mas Beto tornou realidade o sonho que achei que era só meu.

ESPIÕES E SEGREDOS

16.06.2010 - 7:17am 
Seção: Destaque
Roberto Romano da Silva 

O fato mais grave no Brasil, em termos éticos, é a denúncia de espionagem em favor da candidatura oficial à Presidência da República. Tivemos a notícia, comprovada, de que um dossiê criminoso estava sendo elaborado contra José Serra. No dia 13 de junho, o jornal Folha de São Paulo trouxe algo mais inquietante: para além de Serra, dedos sujos e olhos idem investigaram as contas bancárias de Eduardo Jorge, dirigente do PSDB. Jorge já foi injustiçado de maneira brutal por alguns procuradores da República e precisou provar (ao arrepio de todas as salvaguardas do Estado de Direito) a sua inocência. Punidos os que abusaram da função, imaginávamos que ele teria o descanso merecido. Agora, certa corte fora da lei, com uso de instrumentos secretos, volta a atentar contra a sua honra. O costume de armar denúncias —os supostos dossiês— se tranformou em modus operandi político. A quebra ilegal do sigilo bancário segue o mesmo rumo. Clama aos céus o ataque covarde de agentes públicos ao Sr. Francenildo Santos Costa. A quem aproveitaria a ação dos espiões? E sobre o dossiê dos aloprados, a quem aproveitaria a ação dos espiões? No dossiê contra Ruth Cardoso, a quem aproveitaria a ação dos espiões? Chegamos à papelada contra Serra e ao novo dossiê contra Eduardo Jorge. Certa parcela da ordem política brasileira recorda em demasia a bonequinha russa Matrioshka: um crime dentro de um crime, dentro de um crime, dentro de um crime… E todos os crimes são impunes porque são praticados em nome do socialismo, do futuro democrático, das massas populares, da popularidade governamental. A quem aproveita a ação dos espiões? Quem arma dossiês aproveita a penumbra, o silêncio, o segredo que infecta as entranhas do Estado. O segredo é a face demoníaca da vida pública. Na aurora do Estado moderno “a verdade do Estado é mentira para o súdito. Não existe mais espaço político homogêneo da verdade; o adágio é invertido: não mais´fiat veritas et pereat mundus, mas fiat mundus et pereat veritas´. O segredo como instituição política só é inteligível no horizonte desenhado por esta ruptura (…) à medida que se constitui o poder moderno.” (Jean-Pierre Chrétien-Goni: “Institutio Arcanae”, in Lazzeri, Christian e Reynié, Dominique: Le pouvoir de la raison d´état. Paris, PUF, 1992, p. 137.) Os dossiês secretos, no Brasil, são velhos conhecidos da opinião pública. Eles são “ignorados” apenas pelos grupos a quem beneficiam. Hannah Arendt afirma que a vida totalitária deve ser entendida como reunião de “sociedades secretas estabelecidas publicamente”. (O sistema Totalitário) Hitler examinou os princípios das sociedades secretas como corretos modelos para a sua própria. Ele promulgou em maio de 1939 algumas regras do seu partido: primeira regra: ninguém que não tenha necessidade de ser informado deve receber informação. Segunda: ninguém deve saber mais do que o necessário. Terceira: ninguém deve saber algo antes do necessário. Contra o segredo diz Norberto Bobbio: “O governo democrático desenvolve sua atividade em público, sob os olhos de todos. E deve desenvolver a sua própria atividade sob os olhos de todos porque todos os cidadãos devem formar uma opinião livre sobre as decisões tomadas em seu nome. De outro modo, qual a razão os levaria periodicamente às urnas e em quais bases poderiam expressar o seu voto de consentimento ou recusa? (…) o poder oculto não transforma a democracia, a perverte. Não a golpeia com maior ou menor gravidade em um de seus órgãos essenciais, mas a assassina”. Que os cidadãos honrados saibam recusar a prática hedionda configurada na ação dos armadores de dossiês, o poder oculto a que se refere Norberto Bobbio. Assassinos da democracia não devem ser empregados por nenhuma candidatura honesta. Lugar de semelhantes espiões não é o partido eleitoral, mas a cadeia.