“Três alunos me cercaram e começaram a tacar pedras no meu carro, uma delas (pedras) quebrou o pára-brisa e outra estourou o vidro lateral, atingindo minha nuca em cheio, provocou um corte enorme que sangrou muito. Tive que ir ao hospital. Lá me deram cinco pontos na cabeça. Depois deste episódio nunca mais voltei a dar aulas, estou apavorada”. Relata uma professora que não quer se identificar, com medo de sofrer represarias. O fato ocorreu na saída da escola da Zona Sul de Londrina onde dava aulas até novembro do ano passado para turmas entre a 5ª e 8ª primárias. Hoje, afastada por tempo indeterminado, sofre de depressão e com a síndrome do pânico.
Outro relato assustador foi de uma professora da 2ª série do ensino fundamental. Em entrevista dada ao grupo RPC/TV Coroados, ontem (05/05), relatou que levou umas chineladas de um aluno. O mesmo teria atirado os chinelos contra a professora e acertado a sua cabeça. A vítima afirmou ainda, que a diretora da escola municipal de ensino disse não poder fazer absolutamente nada em relação ao caso, já que se trata de menor imputável. A professora está em tratamento contra a depressão provocada pelo o estresse do trabalho e afastada definitivamente de suas funções. O aluno continua frequentando normalmente a escola.
Situações com estas estão se repetindo com menor intensidade e frequência, apenas o que era exclusivo da faixa etária que começa na pré-adolescência e adolescência propriamente dita, na atualidade vem ocorrendo nas escolas municipais com as crianças de 1º ao 4º ano do ensino fundamental.
Em contato com Núcleo Regional de Ensino em Londrina, a pedagoga Marlene de Mello, coordenadora dos grupos de atendimento dos conflitos escolares, esclareceu alguns pontos que podem levar a gerar este fenômeno que segunda ela não é nada novo. “Está faltando por parte de todos, escola, professores, diretores e dos pais, um pouco mais de união e de atenção a essas crianças. Falta diálogo dentro de casa e na escola”.
Marlene de Melo diagnosticou que: - “Hoje você entra em uma repartição publica, qualquer que seja, e de forma ostensiva lá esta exposto na entrada o artigo do Código Penal (brasileiro) 331, que diz que se tratar mal educadamente funcionário publico no exercício de sua função, é considerado crime de desacato à autoridade, podendo ser motivo para prisão. E pior, isso está em todas as escolas publicas, o que gera conflitos. Esta também, faltando por parte do profissional de ensino, identificar o que leva essa criança a serem violentas e indulgentes. Há um claro despreparo e uma intolerância, do tipo: - sou autoridade aqui dentro da sala de aula e vocês tem que simplesmente me obedecer. E essa postura é um erro, porque você não está disciplinando e impondo a sua autoridade com os alunos, mas sim os coagindo”.
“Outro fato que vem ocorrendo com frequencia esta relacionado, com o seguinte: - tudo é motivo pra para B.O (boletim de ocorrência). O certo do profissional de ensino é esperar as coisas se acalmarem para que numa segunda etapa, se investigue as causas que geraram o ato violento. Geralmente, esta causas estão profundamente ligada a alguma carência do trato familiar, do tipo o pai abandonou, a mãe nunca está em casa porque necessita trabalhar. Existe ainda o fator da violência familiar, e mesmo os novos núcleos e conceitos de conformação de família que se tem hoje, mães solteiras ou pais solteiros, normalidade dos divórcios e por aí vai. Todos estes fatores combinados com o excesso de permissividade que se tem hoje com os adolescentes e a fácil obtenção das drogas, despreparo pedagógico, desinteresse familiar e políticas publicas consistentes e sérias na área educacional, além do péssimo financiamento do setor, tornaram fenômenos antes raros e isolados, em muito mais habituais”. Afirmou Marlene
“Felizmente, estamos tendo excelentes resultados com a ação formiguinha que estamos implantado no município. Ao invés de transferir o aluno ou o professor, trazemos o grupo todo, pai ou mãe do menor, o menor propriamente e o professor peças centrais do momento da explosão do conflito, e os diretores responsáveis por aquela determinada escola. Depois de muitas lágrimas, se é dada há solução ao conflito. Conflito esse, que na maioria das vezes, como disse está relacionada com a família ou com o grupo social de convívio daquela criança ou adolescente. Com esta política da investigação e diálogo, diminuímos muito os afastamentos por estresse e depressão no trabalho”.Relata Marlene de Mello.
Em contato com o a divisão PM responsável pela Patrulha Escolar, o encarregado-chefe do núcleo, o Tenente Fernando Bonifácio Ferreira confirmou os dados da pedagogo do Núcleo Regional de Ensino, Marlene de Mello. “Nosso atendimento as ocorrências devido às infrações escolares geradas por conflitos, caiu estatisticamente em 97% de 2007-2008, comparado ao mesmo período em 2009. Hoje nosso trabalho é mais na área de prevenção”. E completou, “apenas 3% das ocorrências são não preventivas. Mas cai para 1% quando observamos que ao chegarmos no local do conflito, tentamos primeiro a mediação que tem se mostrado muito eficaz”.
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