quarta-feira, 7 de outubro de 2009

FUNDIÇÃO DE CHUMBO É FECHADA EM ROLÂNDIA

Por Soraya Garcia


No início da tarde desta terça-feira (6) o Instituto Ambiental do Paraná (IAP) suspendeu os trabalhos em uma fundição de chumbo na cidade de Rolândia, região metropolitana de Londrina, no Norte do estado. Há anos os moradores do Jardim Nobre, bairro vizinho à fundição vinham reclamando da poluição emitida pela fábrica. Durante o período noturno, principalmente o cheiro da fumaça soltada no ar pelas chaminés da fundição de chumbo deixavam os moradores com dores de cabeça e muitos eram obrigados a fechar todas as portas e janelas, mesmo no verão quando faz bastante calor.
Em reunião realizada a portas fechadas entre os fiscais do Instituto Ambiental e os responsáveis pela fundição, decidiu-se que o trabalho seria embargado, sendo que ficou determinado temporariamente pelo IAP que qualquer atividade que possa gerar resíduos ou fuligem mantenham-se suspensas, até que a fábrica apresente ao instituto um plano de controle ambiental para acabar com a poluição. Os fiscais do Instituto Ambiental tiraram várias fotos do local.
Segundo a líder dos moradores do Jardim Nobre, Neuza Zacarias, “Por diversas vezes nós moradores do Jardim Nobre fomos até o IAP prestar queixa da poluição que a fundição estava causando, mas nunca fizeram nada. Ai, resolvemos protestar. A gente não pode abrir uma janela pra entrar um ar, como foi filmado pela TV, a minha garagem está uma coisa insuportável, tem um dedo de fuligem de fumaça que a fábrica joga no ar todos os dias. Até que enfim essa gente fez alguma coisa pelos moradores daqui”, desabafou. Dona Neusa ainda relatou que limpa a casa de tre a quatro vezes por dia, e que recolhe o pó emitido pela fundição de pá cheia todas as vezes que varre a sua casa.



O flagrante da imagem de uma bacia cheia de pó recolhido por um dos moradores do Jardim Nobre, que teria sido recolhido do telhado da casa foi flagrando pelo cinegrafista da RPC, que cobriu o protesto moradores feito na última segunda-feira (5). O morador Adilson que juntou o pó e colocou na bacia para mostra a quantidade de fuligem que retirou do telhado da casa, declarou que, “Se a casa está assim, imagina como está o nosso pulmão”?

A fundição foi notificada pelo IAP e deverá ser multada, com valor, ainda não decidido, mas que poderá variar entre R$ 500,00 até R$ 2 milhões reais.

OUTROS CASOS.
A região norte do estado vem sofrendo há anos com as fundições e recicladoras de chumbo inorgânico, tipo de baterias automotivas e das pilhas caseiras. Essas empresas e/ou fábricas já provocaram crimes ambientais graves e contaminaram, além do solo, água e animais de criação, como também os moradores das cidades onde se instalam.
Os casos mais conhecidos e recentes de grave contaminação do ambiente na região são os da cidade de Assai e Leópolis; a primeira, 45 quilômetros de Londrina e a segunda, 90 quilômetros de distância.
O caso de Assai foi descoberto, após o dono da fazenda de criação de gado de corte, que ao perceber que as vacas vinham sofrendo aborto espontâneo e/ou os bezerros nascendo cegos, alguns morrendo em seguida, resolveu chamar uma equipe veterinária que constatou que o gado estava com a doença conhecida como Saturnismo, que nada mais que a contaminação do sangue pelo chumbo inorgânico, proveniente geralmente da alta exposição ou ingestão do mesmo.
Em Assai o caso mais grave em seres humanos ficou por conta de uma menina moradora da fazenda de gado e filha do capaz do proprietário, que acabou cega e com deficiência neural grave. Hoje, a menina de nove anos não fala e nem anda mais, além de ser objeto de pesquisa para entender melhor o caso de contaminação por chumbo no ser humano em idade de crescimento. O Ministério Publico da Saúde e do Meio Ambiente abriu uma Ação Civil Publica, mas até o presente momento segue a batalha judicial, devido aos inúmeros recursos legais garantidos pela lei.
O caso de Assaí serviu e ainda serve de tese universitária nas áreas de saúde, biologia e medicina.
Em Leópolis, o fechamento da fábrica recicladora de baterias automotivas, se deu pela cassação do alvará de funcionamento por parte do prefeito, motivado pelo laudo particular feito por uma empresa do Estado de São Paulo, que foi contratada pelo criador de gado e agricultor que tem suas terras ao lado onde se instalou a fundição. O senhor Luiz Fernando Gomes Pinheiro, morador daquelas terras há 54 anos, também foi motivado a pedir a analise depois da constatação que seus animais estariam adoecendo devido ao Saturnismo.


Nossa correspondente esteve em Leópolis no fim de setembro deste ano e encontrou a antiga fundição abandonada. Toneladas de minério chumbo e dióxido de chumbo estão espalhados por toda a propriedade ao ar livre ou em armazenamento irregular, o que pode continuar provocando a contaminação da área e do lençol freático.
Assaí possui cerca de 35 mil habitantes, quase 100% agricultores e de origem japonesa. A recicladora de baterias teve suas atividades encerradas pela vigilância sanitária no final de 2005.
Leópolis possui não mais que 4.600 habitantes, tendo sua economia baseada 100% na agricultura de subsistência. A cidade teve suas águas contaminadas e o alvará da recicladora de chumbo foi cassado em março de 2006.

Um comentário:

  1. pois o caso é mais serio do que se pensa aqui no norte do parana tem pelome nos mais três empresas que deverião ser casadas mais não são pois os donos ficão sabendo dias antes que a fiscalização vai ir em suas empresas e ainda eles quando encontra alguma irregularidade leva um por fora para não passar adiante . um de nossos vizinhos foi pego soterrando escoria de chumbo e não aconteceu nada eles só tiverão que retirar o resido de parte da propriedade e ficou por isso mesmo , o outro não tem uma noite se quer que se possa passar pela frente com o vidro do carro aberto pois o cheiro de chumbo é insuportável e a fumaça é tão tensa que você chega pensa que é neblina. Agora me diga até quando ?

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