O senador paranaense pelo Partido dos Trabalhadores, Flávio Arns, é natural de Curitiba. Nasceu no dia 09 de novembro de 1950. É conhecido por defender os direitos das pessoas com necessidades especiais e/ou deficientes, das crianças e adolescentes, dos idosos, dos portadores de doenças crônicas e particularmente, defensor da educação.
Flávio Arns é formado em Direito pela UFPR e em Letras pela PUC-PR, mas não parou por aí. Arns fez Mestrado em Letras pela UFPR e Ph.D. em Lingüística pela Universidade Northwestern nos Estados Unidos.
Eleito senador em 2002 com 1.995.602 votos, assumiu uma cadeira para cumprir mandato de 2003-2011.
Sua carreira na política iniciou-se com sua filiação em 1990 no PSDB, partido no qual elegeu-se Deputado Federal naquele ano. Em 1994 foi reeleito com 42.507 votos e em 1998 foi o sétimo deputado federal mais votado do Estado do Paraná, com 81.725 votos.
Saiu do PSDB e foi para o PT em 2001.
Com quatro legislaturas, três como deputado federal e uma como senador, Flávio Arns dedica-se à realização da cidadania, à construção de uma sociedade desenvolvida e justa.
Presidente da Federação Nacional das APAEs, 1991-1995 ; 1999 - 2001; Presidente da Federação das APAEs do Estado do Paraná, 1997-1999; Presidente da Associação Brasileira de Desportos de Deficientes Mentais - ABDEM , 1995-2000, 2000-2004; Vice-Presidente da Inclusion Internacional (Liga Internacional Pró-Pessoas Portadoras de Deficiência Mental), 1997- 1999; Membro do CONANDA/MJ - Conselho Nacional da Criança e do Adolescente, 1993-1994; Presidente do Conselho Deliberativo do Comitê Paraolímpico Brasileiro, 2003-2004. Arns surpreendeu o Brasil nesta semana, durante a sessão do Conselho de Ética do Senado, dizendo que deixará as fileiras do PT com a frase que ecoou em todos cantos da Nação:
“Eu quero dizer, infelizmente, que eu tenho que me envergonhar daquilo que o meu partido fez. O Partido dos Trabalhadores, hoje, rasgou a página fundamental da sua constituição que é a ética. Pegou a folha da ética e jogou no lixo”.
Com a palavra o cidadão, curitibano, paranaense e brasileiro, Flávio Arns.
GAZETA DO PARANÁ – Senador, o senhor disse que irá à justiça para manter o mandato na Câmara Alta e para que a mesma justiça diga que o partido faltou com seu regimento interno. O senador acredita numa vitória?
FLÁVIO ARNS. Semana passada, nós estávamos pensando nesses caminhos e estudando a legislação eleitoral. O primeiro passo é me desfiliar e, na seqüência, se for o caso, fazer a discussão nos Tribunais Superiores.
Entendemos que não houve, de minha parte, qualquer tido de infidelidade partidária. O que houve foi uma falta de coerência do partido com seu ideário, com o que historicamente o PT procurou defender.
E, dentre as bandeiras defendidas pelo partido, está particularmente a bandeira do diálogo, do encontro com a sociedade e, consequentemente, da ética.
O que a sociedade está dizendo é, “vamos esclarecer o episódio do Sarney” e o proposto pelo PT é, “não vamos investigar, vamos arquivar o processo sem investigar”.
Isso vai contra tudo aquilo que sempre foi o ideário partidário, contra a coerência e a ética, tão defendidas pelo partido.
GAZETA DO PARANÁ – No início da crise, seus companheiros de partido assinaram um documento que pedia a saída de Sarney da presidência do Senado, mas depois retiraram as assinaturas. Qual são os possíveis estragos democráticos deste movimento patrocinado pelo Palácio do Planalto visando às eleições de 2010?
FLÁVIO ARNS. A independência dos Poderes está prevista na Constituição Federal, em harmonia, mas independentes entre si. Dentro da bancada do partido, tanto os senadores como as senadoras do PT assinaram um documento pedindo que o Presidente do Senado, José Sarney, viesse a se afastar da presidência, para que a investigação ocorresse dentro da maior tranqüilidade possível.
As assinaturas não foram retiradas do documento, elaborado há cerca de dois meses. O que na realidade aconteceu foi a orientação da Presidência Nacional do PT para que houvesse o arquivamento das denúncias sem o seu esclarecimento.
Isso tudo é muito deplorável na vida democrática, pois é impensável ter-se documento externo determinando ou sugerindo o voto desse ou daquele legislador.
Esse pedido vindo da executiva nacional do PT teve certamente a concordância do Palácio do Planalto, o que caracteriza interferência do Executivo no Legislativo. Este posicionamento, a meu ver, é equivocado, além do partido ter perdido uma excelente oportunidade de revigorar suas bandeiras históricas da coerência, da ética e do diálogo com o cidadão.
GAZETA DO PARANÁ – O senador é conhecido pela intensa luta em prol das pessoas portadoras de necessidades especiais. O senhor acredita que com a decisão de sair do PT os projetos do senador sofreram prejuízo em um primeiro momento?
FLÁVIO ARNS. Não. Penso que isso não vai afetar essa caminhada, até porque nós temos uma história antiga de luta e trabalhos pelas políticas sociais. O Brasil está avançando nessa área, criando legislação, elaborando políticas públicas e lutando por orçamento em prol das pessoas com deficiência do país.
Isso é uma conquista e hoje o cidadão com deficiência tem seus direitos assegurados em lei, sempre com a necessidade de aprimoramento.
Criamos uma Subcomissão Permanente de Assuntos da Pessoa com Deficiência.
Na próxima quinta-feira (27/08), vamos realizar audiência entre a Subcomissão e os Ministérios do Trabalho, da Previdência Social e Ministério Público do Trabalho para discutir leis trabalhistas que preveem número de cotas, a aposentadoria e alternativas para as pessoas portadoras de deficiência. Isto hoje é uma realidade institucional.
GAZETA DO PARANÁ – O senador acredita que a visão petista pode estar equivocada em relação à força eleitoral que hoje tem o PMDB? Ou independente do tamanho do escândalo, o PMDB não sofreu ranhuras?
FLAVIO ARNS. A força do PMDB é muito grande em todas as esferas (vereadores, prefeitos, deputados estaduais e federais, governadores e senadores). Isso é inquestionável. O importante a dizer é que nem todas as pessoas que fazem parte do PMDB querem o chamado “ poder pelo poder”, o poder sem observar e preservar os princípios éticos e morais adequados.
A cúpula do PT e do PMDB é que não estão em coerência com suas bases, que querem a apuração dos fatos e assim seja restabelecida a ética, o diálogo e coerência política.
Particularmente para o PT, tudo será extremamente danoso, o que não acredito que acontecerá com o PMDB.
GAZETA DO PARANÁ – Como se sente em relação ao partido, todos hoje sabem. Mas como o Arns, se sente em relação ao Senado e os caminhos da política brasileira praticada neste momento da história?
FLÁVIO ARNS. Penso que é uma pena o que está acontecendo neste momento com o Senado. O Senado tem um trabalho intenso. Veja bem. Somente neste ano, a Comissão de Educação, Cultura e Esporte, a qual presido, aprovou 160 projetos de lei, realizou 40 reuniões, várias audiências públicas para discutir esses projetos
Por isso é uma pena que coisas como essas aconteçam, prejudicando o trabalho do Senado. No Congresso Nacional são discutidos todos os assuntos importantes que irão afetar diretamente a vida de cada cidadão.
É muito importante que todas as denúncias passem por uma apuração. Somente assim será possível recuperar a imagem do Senado e resgatar o bom caminho que deve ser perseguido pela política.
A população de um modo geral tem que se aproximar da política, não a partidária, mas a política como organização do povo com objetivos bem delineados, na construção corresponsável de um Brasil melhor.
GAZETA DO PARANÁ – O senador recebeu algum convite de outro partido para filiar-se, logo após seu desligamento do PT?
FLÁVIO ARNS. Sim, de vários partidos e fico muito grato por isso. Até porque isto demonstra relação de amizade, de forma geral, que tenho com todos os partidos. Mas este não é o momento para analisar uma nova filiação partidária.
Agora, todos temos que nos concentrar “no que se pode fazer para resgatar a credibilidade perdida pelo Senado com toda essa crise institucional que vem atravessando a Casa”.
O outro momento é resolver questões partidárias como a desfiliação e a filiação no novo partido.
GAZETA DO PARANÁ – O senador acredita que o que está acontecendo em Brasília, terá alguma influência no quadro eleitoral paranaense em 2010?
FLÁVIO ARNS. Não somente nas eleições paranaenses, como nas eleições nacionais. A população está atenta e acompanhando tudo.
O certo é que haverá dificuldades grandes para todos os partidos e políticos nas eleições de 2010.
GAZETA DO PARANÁ – O senador, apesar dos últimos desagradáveis acontecimentos, pretende continuar dando sua contribuição política ao Paraná e ao Brasil?
FLÁVIO ARNS. Todos nós temos essa obrigação participando ativamente de forma política, não necessariamente de forma partidária.
A interação do cidadão com a política ajuda a construir a almejada da igualdade, a cidadania, a justiça social e econômica num país ambientalmente sustentável. Penso que essas são bandeiras políticas de toda a sociedade.
Todos nós somos seres políticos e precisamos nos interessar e interagir mais com os nossos políticos, cobrando nas urnas ou diretamente interagindo com eles, buscando políticas públicas que irão melhorar nosso país e as nossas vidas.
GAZETA DO PARANÁ – O que deseja o brasileiro, Flávio Arns, para o seu país?
FLÁVIO ARNS. Desejo que o Brasil seja desenvolvido social e economicamente, mas que, principalmente, seja um país justo com a sua maior riqueza, que é o ser humano.
GAZETA DO PARANÁ – Como acredita que estará o Brasil daqui a 30 anos?
FLÁVIO ARNS. Espero que o Brasil esteja muito melhor que hoje, e que o povo esteja alcançado o desenvolvimento ambiental sustentável, a educação de qualidade para todos, que desigualdades sociais fiquem no passado.
Que o Brasil passe a ser referência para um mundo como um pais desenvolvido e justo.
Por Soraya Garcia
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