Justiça começa a julgar os acusados de envolvimento na morte de Celso Daniel
17.11.2010 - 3:11am | Seção: Política
Sem saída –
Na quinta-feira (18), depois de oito anos e dez meses, a Justiça paulista começa a colocar no banco dos réus os acusados de envolvimento no assassinato de Celso Daniel, ex-prefeito de Santo André. Contrário à destinação dada ao dinheiro da propina recolhida na cidade do Grande ABC, Celso Daniel foi sequestrado, barbaramente torturado e morto em janeiro de 2002.
O primeiro da lista a ser ouvido pela Justiça é Marcos Roberto Bispo dos Santos, que se valeu do benefício da liberdade provisória e está foragido. Mesmo assim, o júri popular não será suspenso. Outro acusado de participação no crime, Elcid Oliveira Brito, conhecido como “John”, está foragido desde o dia 3 de agosto passado. Após conseguir progressão para o regime semiaberto, John não mais voltou ao CPP (Centro de Progressão Penitenciária) de Pacaembu, localizado a 603 km da capital paulista.
O promotor Francisco Cembranelli, que participou do caso Isabella Nardoni, ratifica quase na totalidade a tese defendida pelo ucho.info desde janeiro de 2004, quando o editor, após ouvir atentamente as gravações telefônicas do caso Celso Daniel, publicou os principais trechos das escutas telefônicas feitas pela polícia. Para Cembranelli, o dinheiro arrecadado junto a empresários de Santo André tinha como objetivo primeiro reforçar o caixa da campanha de Lula da Silva, em 2002, mas serviu também para engordar as contas bancárias de alguns petistas conhecidos. De acordo com o que apurou este site, o dinheiro dos subterrâneos petistas foi utilizado na compra de luxuosas e caras residências de veraneio, quase todas localizadas em cidades no entorno de São Paulo.
Acusado de ser o mandante do assassinato de Celso Daniel, o empresário Sergio Gomes da Silva tenta no Supremo Tribunal Federal, através do seu advogado, o criminalista Roberto Podval, invalidar as investigações realizadas pelo Ministério Público de São Paulo. No caso de o STF entender que ao Ministério Público cabe o direito de investigar, é quase certo que Sérgio Gomes da Silva, o “Sombra”, será condenado. É exatamente neste ponto que os jornalistas do ucho.info questionam a acusação isolada contra o empresário. “Sombra” era muito próximo de Celso Daniel, e com ele estava na noite do crime, mas é temeroso colocá-lo na condição de único mandante do crime. Quem bem conhece o caso sabe que há algo muito mais grave e sórdido por trás de uma história macabra com claro e evidente viés político, mas que o PT prefere tratar como crime comum.
Para reforçar a tese de que Sérgio Gomes da Silva não agiu sozinho há uma estranha sequência de mortes, todas ocorridas após o assassinato de Celso Daniel. Participantes e testemunhas do crime foram estranhamente mortas, sendo que o último deles foi o legista Carlos Delmonte Printes, encontrado morto em seu escritório, na tarde de 12 de outubro de 2005, em São Paulo. A Polícia Civil descartou a hipótese de morte natural, pois não foram encontrados sinais de infarto ou de problemas bronco-pulmonares. Na verdade, o perito já da possibilidade de sua morte. Dias antes de ser encontrado morto, Printes entregou uma carta à família com as instruções a serem adotadas no caso de sua morte. Com a reabertura do caso, em 2005, o legista fora convocado para depor em uma CPI, ocasião em que eventualmente detalharia a perícia realizada no cadáver de Celso Daniel.
Em agosto do mesmo ano, Carlos Delmonte Printes informou aos promotores do caso que foi proibido pela cúpula da Polícia Civil paulista de comentar o caso Celso Daniel. O legista chegou à conclusão, após perícia médica, que o então prefeito foi alvo de tortura, descartando de pronto a hipótese de latrocínio, o que à época contrariou as investigações policiais, que tratavam o caso como sequestro seguido de homicídio, mas sem tortura.
Confira abaixo os principais trechos das gravações telefônicas do caso Celso Daniel
Trecho 1
Trecho 2
Trecho 3
Trecho 4
Trecho 5
Trecho 6
Trecho 7
Trecho 8
Trecho 9
Trecho 10
Trecho 11
Trecho 12
Trecho 13
Trecho 14
Trecho 15
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