Requião e o M.D.B.
Texto de Sylvio Sebastiani
O Movimento Democrático Brasileiro-MDB, foi instalado em janeiro de 1966, após a extinção dos Partidos Políticos existentes, para fazer Oposição à Ditadura Militar.
Algumas pessoas, com ou sem mandatos eletivos, que participavam dos Partidos do Governo destituído, ingressaram no MDB, sendo que a grande maioria ingressou na Arena, partido criado para dar apoio, sustentação e participação ao Governo da Ditadura Militar. No MDB a sua maioria ingressaram por convicção e outros, um pequeno grupo, que não tinham espaço na Arena, por desavença com os atuais dirigentes da Arena no Paraná, estes liderados por Affonso Camargo, pretendente candidato à Governador do Partido extinto que se aliou à Arena, obrigando se filiar ao MDB, um dos dois partidos existentes na época.
Em sua primeira eleição em 1966, o MDB do Paraná elegeu 5 deputados federais e 8 deputados estaduais, este em uma Legislatura de 45 deputados quando a Arena elegeu 37 deputados. Na eleição seguinte o Partido elegeu 4 deputados federais e 9 deputados federais, isso acontecendo depois do AI-5 e da cassações de mandatos que se deu em março de 1969. O ponto alto do MDB foi no ano de 1974, quando o Partido apresentou um candidato à Senador, embora desconhecido na política, mas com uma desenvoltura fora do comum,o advogado de Londrina, Francisco Leite Chaves. Sua campanha começou devagar, mas pouco a pouco foi crescendo, chegando a acreditarem em sua vitória, pelo seu modo de conversar com o povo, seus discursos inflamáveis, chamando a população sobre os erros do regime ditatorial, das cassações de mandatos, das prisões arbitrárias, assim Leite Chaves se tornou conhecido em todo o Par aná. Venceu o candidato da Arena, João Mansur, Presidente da Assembléia Legislativa, quando esta ainda tinha um excelente conceito perante os paranaenses, Leite Chaves obteve 1.090.831 votos e João Mansur, da Arena, com 703.354 votos. O MDB elegeu 15 deputados federais e o mesmo número da Arena, e 25 deputados estaduais, quando a Arena, elegeu 29, eleição esta com votos vinculados, destes últimos cargos.
No ano de 1978, havendo duas vagas para o Senado Federal e o Governo da Ditadura, preocupado tendo em visto a eleição anterior, criou para uma destas vagas o chamado Senador Biônico, ou seja, nomeado pelo Regime Militar, escolhendo Affonso Camargo, que tinha, após o AI-5, em 1969 se retirado do MDB e ingressado na Arena. O MDB apresentou o deputado estadual Enéas Faria, o mais votado do Paraná e o ex-Prefeito de Londrina, José Richa. Esta vaga foi em sublegenda, ou seja, somado os votos dos dois, foi eleito José Richa, ficando Enéas Faria como suplente, derrotando a Arena que apresentou somente um candidato, Túlio Vargas, que embora mais votado, perdeu na soma dos dois, do MDB.
No ano de 1979, com o crescimento do MDB e já noticiando uma abertura, com anistias, alguns grupos começaram a querer participar da vida política. Em Curitiba, um grupo enviou ao Diretório Regional do MDB, já instalado na Rua Dr. Muricy, aproximadamente 300 fichas de filiação partidária. O Diretório Regional imediatamente enviou para o Tribunal Regional Eleitoral, para as quatro Zonas Eleitorais para os devidos registros.
Tomando conhecimento dessa atitude do Diretório Regional, na condição de Presidente do Diretório Municipal de Curitiba, enviei oficios aos Juizes Eleitorais, das respectivas zonas, alertando para o fato de que a Legislação Eleitoral proibia o recebimento de filiações partidárias, através do Diretório Regional, nos municípios onde o partido possuísse Diretório Municipal registrado. Os Juizes Eleitorais, que nas fichas recebidas já haviam posto carimbo e assinatura, mandaram que as mesmas fossem batido o carimbo “CANCELADO”. As fichas foram remetidas para o Diretório Municipal,mas com o carimbo do próprio TRE,Cancelado, portanto estava todas elas canceladas.
Talvez entre elas estivesse o nome de Roberto Requião de Melo e Silva, mas o MDB de Curitiba, realizava todas as segundas-feira reuniões em seu Diretorio na Rua Pedro Ivo, e “nunca” ví ou soube que ele esteve por lá, aliás, até eu não conhecia ele e não foi feita a ficha de filiação, pois todas, que eram poucas, passaram por minhas mãos.
Mesmo assim, um dos que teve sua ficha cancelada pelo TRE, Senhor Edésio Passos, enviou ao Diretório Regional do MDB, solicitando a intervenção no Diretório Municipal de Curitiba, que na reunião da Comissão Executiva do Diretório Regional, conforme consta em Ata do dia 2 de agosto de 1979, o Relator deputado Nilso Sguarezi, Lider da Bancada, em seu relato, finalmente diz: “de per si,eliminam as razões invocadas e que poderiam justificar a pretendida intervenção”.
Vejam, durante todo o período da Ditadura Militar, “nenhum” destes pretensos filiados, compareceu na séde do MDB, participou de qualquer ato contra a ditadura, quando chegamos preparados para o grande comício que foi das “DIRETAS- JÁ”, aparecem alguns para dizer do MDB -Velho de Guerra, que apenas leram nos jornais ou viram pela televisão, a Verdadeira Luta Contra a Ditadura.
Em abril de 1992. quando do lançamento de meu livro “Por Dentro do MDB-Paraná”, no auditório da Biblioteca Pública do Estado, na mesa estavam presentes alguns dos fundadores do MDB, como Nelson Maculan, Léo de Almeida Neves, Enéas Faria, Leite Chaves, Mario Pereira, Álvaro Dias, a Diretora da Biblioteca Valéia Prochmann, o Governador Roberto Requião e eu.
Usaram da palavra, Léo de Almeida Neves, Sylvio Sebastiani e o Governador Roberto Requião, que entre outras afirmou: “ Não fui filiado ao MDB, mas fui filiado na primeira Zonal, no PMDB”.
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